Clima de final de campeonato marca a festa dos obamistas em Chicago
Foto: Daniel Buarque/G1
Obamistas sorriem e celebram a vitória no Grant Park, no centro de Chicago, na terça-feira (4). (Foto: Daniel Buarque/G1)
Divulgação do resultado dissipou clima de ansiedade da campanha
No discurso, Obama portou-se com a sobriedade de um presidente eleito.
Daniel Buarque Do G1, em Chicago
Faltavam 10 segundos para as 22h quando a multidão reunida no Grant Park, o maior da região central de Chicago, começou junta uma contagem regressiva em voz alta. Depois de acompanhar a cobertura da rede de TV CNN em grandes telões espalhados pelo local por mais de cinco horas, elas já esperavam o que ia ser anunciado em seguida: Barack Obama é eleito presidente dos Estados Unidos.
O G1 passou a noite no parque em que os eleitores do candidato democrata se reuniram para celebrar a então iminente vitória do primeiro presidente negro da história do país. Assim que a conquista se tornou real, o clima de final de campeonato de futebol tomou conta do local, as pessoas se abraçavam e gritavam, finalmente livres de uma longa ansiedade que marcou a campanha.
Poucos minutos depois de a TV projetar que Obama havia vencido a disputa, os mesmos telões transmitiram o discurso em que o oponente de Obama, o republicano John McCain, admitiu ter sido derrotado. Depois de uma leve hesitação quando McCain apareceu, as pessoas prestaram atenção respeitosa à fala dele, que defendeu a união do país e parabenizou Barack Obama. À exceção de vaias quando ele fez menção a sua vice, Sarah Palin, o republicano foi amplamente aplaudido e elogiado pelos fãs de Obama.
Sim, fãs, pois o clima dominante em toda a cidade em que Obama iniciou sua carreira política desde o início da tarde era de torcida fanática, sem muita relação aparente com uma decisão política de tamanha importância. As ruas que levam ao parque, que fica no South Loop, centro de Chicago, pareciam o entorno de uma partida de futebol, ou de um show de rock – Obamapalooza, como dizia uma camiseta, em referência ao festival de música pop Lolapalooza.
Um público predominantemente jovem se encaminhava para o local em que o próprio Obama ia aparecer no final da noite. Quase todos usavam camisas da estrela do evento, ou broches, que podiam ser comprados em dezenas de ambulantes desde cedo espalhados pela região – US$ 10 (R$ 21) por uma camisa, ou US$ 5 (R$ 10,50) por um broche.
Quase todo o parque estava cercado, e havia apenas uma entrada, no centro dele para as duas áreas do evento. Uma delas estava reservada para 70 mil pessoas que receberam “convites” da campanha. Essas pessoas tiveram que esperar horas em longas filas para passarem em detectores de metais – elas ficariam de frente para o palco em que Obama falou. À esquerda da entrada, uma área mais livre, aberta a qualquer pessoa e com telão gigante transmitindo análises e projeções da CNN.
A reportagem do G1 chegou ao local pouco depois das 16h locais (20h em Brasília). Mais de duas mil pessoas já acompanhavam a transmissão na área livre, e outras milhares já aguardavam na fila da área reservada.
Dentro da área livre, nada de farra ou festa intensa, entretanto. A venda e o consumo de bebidas alcoólicas eram proibidas, não havia vendedores ambulantes nem com água e refrigerantes, e apenas duas barracas ofereciam fatias de pizza e água (US$ 5 pela primeira, que podia ser de queijo ou se linguiça, e US$ 3 (pouco mais de R$ 6) pela garrafa de água).
A ansiedade da decisão dominou o clima ao longo da noite. Apesar da evidente vantagem democrata nas pesquisas de intenção de voto e da aparente proximidade da vitória, quase todos assistiam sentados e em silêncio à trasmissão, reagindo aos resultados como se fossem lances de um jogo importante.
O primeiro grande “gol” veio quando se encerrou a votação em Estados da costa leste do país e a CNN projetou que Obama abria uma grande vantagem sobre McCain, já depois das 19h. Pouco depois, veio a importante vitória do democrata em Ohio, e a partir daí as pessoas se envolveram em clima de “já ganhou”. “Essa os republicanos não tiram mais da gente”, disse uma estudante da universidade DePaul.
Poucas horas depois, quando se encerrou a votação na costa Oeste, a vitória era oficial. Logo após a contagem regressiva, ninguém mais estava sentado. Todos comemoravam, gritando a sigla do nome do país (USA), o nome do candidato democrata e o slogan da campanha – “yes we can” (sim, nós podemos).
Foi só depois de todo esse tempo que veio o principal show da noite. Já eram quase 23h quando Barack Obama subiu ao palco. Já se comportando como presidente eleito, ele aparentava sobriedade, falou de forma séria, menos risonha de que costumava aparecer durante a campanha. Discursou sobre mudança, sobre o mote de se poder alcançar qualquer coisa na “terra das oportunidades”, e sobre a mudança de rumo que pretende dar ao país. O público que esperou horas ouviu de forma atenta e emocionada, aplaudindo e gritando para o 44º presidente do país.
Ao final da festa, as ruas da região central da cidade foram tomadas de fãs em êxtase. Por mais de um quilômetro de caminhada, milhares de pessoas tomavam todos os espaços da cidade e continuavam celebrando, cantando em homenagem ao presidente-eleito. Assim como a mudança de postura do próprio Obama, a festa ficou para trás e agora começa o lado sério da política.
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