Obama: gastamos mais do que tínhamos e a crise agravou o déficit
Obama disse também que os partidos Democrata, do qual faz parte, e Republicano, têm responsabilidade em aprovar o aumento do teto da dívida do país.
"Basicamente, temos duas formas de trabalhar esse assunto. Uma delas é fazer cortes severos em áreas como Defesa e programas como o Medicare (na área de saúde), que atingem a todos os americanos. A outra forma é cobrar dos mais ricos e das grandes empresas maiores contribuições em um momento de crise", disse o presidente.
Obama afirmou ainda que o Estado "não vai gastar mais" ou requerer maiores impostos da classe trabalhadora apenas por aprovar um novo teto para divida. "É simplesmente permitir que nosso pais pague as contas que o próprio Congresso aprovou que pagaríamos", disse. Segundo ele, falhas em agir com a expansão do novo teto da dívida podem levar a perdas de empregos e danificar seriamente a economia do país.
Na sequência, o presidente democrata fez questão de salientar que tem havido uma inflexão por parte de seus opositores no debate. "Infelizmente, os republicanos têm dito que só aprovarão o projeto se o governo aceitar cortes severos em programas públicos de saúde e outras despesas", afirmou.
Seguindo o tom do discurso da bancada democrata, Obama voltou a criticar as isenções fiscais à fatia mais rica dos americanos - milionários e bilionários - e pediu que eles, que segundo o presidente, os mais beneficiados nas últimas décadas, ajudem o país em um momento de crise.
Em discurso televisionado e transmitido da Casa Branca, o presidente afirmou ter falado aos líderes republicanos e democratas que devem eles assumir um compromisso justo nos próximos dias para que o novo teto da dívida possa ser aprovado no Congresso. Segundo ele, falando em tom mais ríspido, "compromisso se tornou um palavra 'suja' em Washington".
O presidente pediu ainda ao povo americano que pressione o Congresso a adotar um compromisso. "Se vocês desejam um enfoque equilibrado para a redução do déficit, digam isto a seus representantes".
Apesar de falar à nação sobre os problemas vividos no Congresso, o líder se mostrou confiante, dizendo que ainda "podemos alcançar esse compromisso" e evitar assim que os Estados Unidos caiam em moratória.
Ao final do discurso, o presidente americano voltou a utilizar um tom de aproximação com os adversários, pedindo pela união dos congressistas do país. "Todo o mundo está nos vendo. Vamos usar esse momento para mostrar porque os Estados Unidos permanecem a melhor nação na Terra. Não apenas porque cumprimos nossos débitos, mas também porque continuamos nos mantendo juntos como uma nação".
Entenda o caso
No último dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Na ocasião, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, anunciou medidas temporárias, como a suspensão de investimentos em fundos de pensão, a fim que evitar que a dívida ultrapassasse esse limite.
Segundo levantamentos do governo, o país deve ultrapassar o chamado "teto de sua dívida" no próximo dia 2 de agosto. Negociações entre o presidente Barack Obama e o líder do Congresso, o republicano John Boehner, não conseguiram romper o impasse a respeito do tema.
Os republicanos, que fazem oposição ao presidente Obama e controlam a Câmara dos Representantes - o equivalente à Câmara dos Deputados -, exigem que um acordo para elevar a dívida esteja condicionado a cortes no orçamento americano para reduzir o déficit, calculado em cerca de US$ 1,2 trilhão para o ano fiscal que termina em setembro. Por sua vez, o governo americano e o Partido Democrata se opõem a cortar programas sociais.